21/10/2012

A vida são dois dias

Dizem que a vida são dois dias. Realmente passa tudo depressa demais... E às vezes demasiado devagar... Olhas para trás e vês tudo o que já passaste, deitas-te à noite e quando fechas os olhos, recordas os melhores momentos do dia. O dia tem 24 horas, mas tem certos dias que passam com 12 apenas, e outros com 48. Repara, as melhores fases passam rápido. E quando sofres, quando a angústia é o sumário desde que acordas até que te deitas e as lágrimas escorrem, ocupando todo o teu rosto, então aí, é tudo tão lento. O sofrimento prolonga-se, a felicidade minimiza-se. E então, tu não compreendes. Se a vida são dois dias, já passaste um dia a chorar sozinho aconchegado por ti próprio, pelos teus próprios braços, sentado num canto de outros três. E agora, o que acontece no outro dia que te resta? É incerto. O futuro é incerto. O hoje não seria desta forma se não tivesse sido o ontem. O ontem devia ter acontecido? O que fizeste ontem, ou disseste, arrependes-te disso? Sim, e sabes que mais? É tempo perdido. Mas lá no fundo, eu compreendo-te, embora saiba que é em vão, porque a verdade é que nada do que está para trás se apaga. E foi por isso que sempre pedi para escrevermos a nossa história a caneta. E sei que escrevemos. Não se apaga nunca. E o papel? Qual papel? Não se rasga, porque eu escrevi num bloco de madeira que encontrei por aí enquanto vagueava. Está em minha posse e ninguém o apaga! Mas desvanece-se. Infelizmente, há aquelas borrachas que até apagam caneta, mas por experiência própria nunca se apaga totalmente, quanto muito, rasgas o papel. Mas lembra-te, eu não escrevi numa simples folha de papel. Escrevi num bloco de madeira com a caneta que me ofereceste, lembras-te? Não a vou apagar nunca, mas se tu entrares no meu mundo de novo, roubas-me o bloco de madeira? Prometes que roubas? E desta vez escreves tu a história, deixas os teus sentimentos desabrocharem-se. E do teu coração eu não saí, nem sairei. E tu no meu estás alojado e não pagas renda. No meu coração e não só, por todo o lado. Por um motivo: tudo me faz lembrar de ti. Mas se pensares bem, a história não está terminada. Aliás, cada dia que passa, dá mais umas quantas linhas. Eu continuo a escrever, e tu, continuas a pensar nela?

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