26/12/2012

Escadas de um palpite

Estás distante dela, as paredes sob vocês fecham-se e tu a querer saber como, porquê. Ninguém tem uma resposta sólida, ambos caminham pelas trevas e podes ver o olhar no seu rosto, só isso te diz "Então nós lutámos contra a dor e chorámos horas sem fim. Então nós vivemos, aprendemos como é amar alguém assim, nós tentámos de tudo e cada pedra no solo apanhámos, tantas foram que construímos um castelo sem desenhar sequer uma planta, janelas não havia, luz? Só por entre as falhas do cimento. Tentei espreitar vezes sem conta, mas os raios tinham tão pouca intensidade... À noite tudo se apagava, luz? Nem por entre as falhas do cimento. Deitados, os nossos corações palpitavam com força e as almofadas ficavam molhadas com cada pedaço de desespero que pelos nossos olhos escorria. Fechávamos os olhos e íamos para outro mundo. E ao acordar, cabia a ti e a mim encontrarmo-nos no meio do caminho, de volta à Terra com outro sorriso, outra disposição, outra vontade e empenho em recuperar tudo o que foi ficando para trás. Eu estava sempre em qualquer lado e tu querias morar fora da cidade palpitante que brilhava só por ti, o meu coração. Vendo assim, diz-me: como poderia alguma vez isto ser normal? Tu dizias-me que isto seria o melhor, então diz-me agora, porque estou eu a chorar? Estás tão perto mas tão longe e eu só preciso de ti aqui. Parece tão distante de onde costumávamos estar. Estava tudo sobre rodas e agora estamos a pé, para onde vou, se não há estrada que me leve ao teu coração? Não queres começar de novo? Faz-me ver que isto foi apenas uma descida. Para subir, primeiro íamos ter de descer. Voltamos a subir?".

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