06/12/2011

Nos braços da solidão

Vivia sozinha no mundo, no mesmo mundo que tu. Era ela, aquela por quem ninguém nunca chama. Não tem nome, já se esqueceu, nunca foi relembrada. Estava gasta por si própria. Depois de tantas lamúrias, já nem ela sabia que exisitia. Não saía nunca da sua cabana, que havia sido construída por ela, apenas pelas madrugadas escuras, deitava-se na relva que de tão comprida que era, quase que escondia o corpo estendido da menina que observava as estrelas. Estas e a sua sombra eram as suas únicas companhias. Andava pelas redondezas colhendo flores para decorar a sua cabana feita de palha. Cuidava delas, pois só a elas podia dar afecto. Acompanhada pela sua sombra para todo o lado. Um dia, não deu por ela, falou, não reconhecia a sua voz, mas disse: "Sombra, onde foste tu?" A sombra tinha-se ido embora. Não se sabe porquê, mas foi. Olhou para o céu e não viu nenhuma estrela. Abandonada de todo, sem volta a dar, a menina sentiu o embala dos leves mas fortes braços da solidão naquela noite escura, sem luar.

2 comentários: